Tendência de cores busca resgatar natureza em casa

Necessidade de integração com o ecossistema se reflete nos ambientes

Adriana Menezes
DA AGÊNCIA ANHANGÜERA
adriana.Menezes@rac.com.br

A tendência das cores está no resgate da natureza. A alusão à preservação ambiental, afinal, está em todas as esferas da sociedade.
Dentro de casa ou nos espaços urbanos não poderia ser diferente. As tonalidades dos ambientes internos seguem o caminho sinalizado no último Salão de Milão, que aconteceu em abril: tudo deve remeter às cores presentes no ecossistema.
Dentro desse universo sem fim de possibilidades e nuances que existem, as cores mais claras e sóbrias predominam – incluindo o cinza —, mas os detalhes (como uma parede em destaque) pedem tons mais fortes e energizantes, como amarelo-ouro, turquesa e laranja. Ou seja, os cítricos também têm o seu lugar na decoração.
Temas
Segundo o arquiteto Aquiles Nicolas Kílares, conhecido por valorizar linhas curvas e a beleza da natureza brasileira, há variações das cores para cada ambiente da casa — onde cabe uma cor específica em um quarto temático, um painel ou na cozinha —, mas em todo o mundo, independentemente da estação do ano, as cores que estão em alta são as mesmas encontradas na natureza.
O marrom que faz referência à terracota, o verde que sugere vegetação e o azul-turquesa para uma parede especial são hoje as principais sugestões dos profissionais que acompanham tendências arquitetônicas. No Inverno, a atenção está justamente nesses tons quentes, como marrom, amarelo e sobretons do marrom, entre eles bege. “É claro que não existe isso de preparar uma casa para o Verão ou para o Inverno”, diz Kílares, mas é possível fazer pequenas mudanças em uma parede ou em um ambiente especial para acompanhar as sensações desejadas dentro da casa, do escritório, do consultório ou de qualquer espaço.
A arquiteta Elaine Carvalho também esteve em Milão este ano e percebeu a predominância dos tons claros e sóbrios — “no branco meio sujo, inclusive”. Uma das cores que mais lhe chamaram a atenção foi o cinza. “Do cinza mais esverdeado ao cinza puro, tendência que deve continuar”, diz. Na comparação da feira internacional do ano passado com a deste ano, ela achou que desta vez havia um pouco mais de cores no meio de tanta sobriedade. “Mudou pouca coisa, mas havia opções mais alegres nos detalhes, de uma parede a uma cadeira.”O amarelo-ouro, o azul-turquesa e o laranja foram os tons mais presentes nesses espaços coloridos. “Vejo muito as escolhas mais cítricas. Cada vez mais a decoração tem paralelismo com a moda.
É claro que não muda a cada estação, mas alterar a cor de um ambiente é a maneira mais simples de renovar o espaço, criar energia nova, sem precisar quebrar uma parede”, diz a arquiteta. “É importante estar atualizado”, afirma Elaine.
Segundo Kílares, o Brasil está um ano à frente nessa tendência apresentada este ano em Milão. Os tons naturais já coloriam os ambientes por aqui. O movimento norte-americano do Happy Décor — que consiste em trazer alegria para dentro de casa em algum espaço exclusivo — também se consolidou antes e chegou com força ao Brasil há alguns anos.
Personalidade
Para se manter atualizado, deve-se portanto usar as cores sóbrias e limpas, remeter à natureza, mas sem deixar de dar um toque personalizado, o que consiste em traduzir em cores as sensações desejadas. Neste caso, a sensibilidade do arquiteto ou do designer de interiores para captar o que o cliente quer vai definir a cor mais indicada ao ambiente.
Como escolher a tinta para chegar a uma sensação
A tinta certa pode proporcionar uma sensação acolhedora. Em outros casos, a cor pode criar um ambiente tranqüilo, ou ainda energizante, moderno ou infantil. O arquiteto ou decorador orienta o cliente na escolha da cor, mas a decisão é sempre dos donos da casa.
“O profissional vai sugerir o que a cor vai transmitir para aquele ambiente. Para um casal jovem, posso indicar cores mais fortes; para casais com filhos, tons mais sóbrios. Mas já tive clientes mais velhos com espírito jovem”, diz o arquiteto Aquiles Nicolas Kílares. Também é possível fazer a coisa certa a partir de informações disponíveis em alguns sites de fabricantes de tintas, que orienta sobre o efeito de cada cor. “Tudo deve ser baseado no sentimento do dono da casa”, defende Kílares.
Entre os princípios básicos, por exemplo, há algumas informações sobre possíveis efeitos. “Usar muito amarelo numa cozinha, por exemplo, pode ser um perigo, porque vai estimular o apetite”, diz o arquiteto referindo-se ao estímulo provocado pela cor, muito presente em restaurantes. “A parte externa da casa depende muito do estilo arquitetônico; se é neoclássico, predominam os tons claros; no contemporâneo, prevalece a cor pastel. Mas, no geral, as cores da natureza são mais indicadas hoje”, diz Kílares, que tem escritório em Campinas e em Americana.
Branco total perdeu espaço para diversidade de opções
Tons sóbrios e naturais dão mais possibilidade de variação no uso de detalhes e objetosPara completar o ambiente, os detalhes fazem a diferença. Tapetes com listras coloridas são hoje uma tendência dos complementos ou os tapetes marrons com listras douradas ou prateadas. Mas quem deseja apenas dar um toque colorido no seu cantinho, o tapete pode ter a cor preferida ou aquela que vai trazer a sensação desejada — nesse caso vale qualquer opção de uma cartela de cores.O branco total de décadas atrás, afinal, perdeu seu espaço.
As cores predominantes são pastéis, sóbrias e naturais, mas o detalhe não pode ser ocultado pela mesma tonalidade. Quem carregar mais nas cores dos objetos de decoração (almofada, vaso, cadeira, tapete e outros) vai personalizar seu espaço, seja qual for a cor: laranja, vermelho, violeta, azul, verde.A madeira em tons escuros também está em alta na decoração.
E os vasos com vegetação nos ambientes internos também voltaram a ocupar mais espaço, saindo das áreas antes restritas às varandas ou halls de entrada. Agora eles compõem junto com a madeira e os painéis coloridos uma ambientação que remete à natureza. Afinal, para se manter fiel à proposta ecológica, os móveis também acompanham as cores da natureza.Na hora da escolha da cor que vai na parede, no painel ou no teto – antes mesmo de pensar nos detalhes da decoração – há um outro “detalhe” que faz toda a diferença: a iluminação do ambiente.
É importante observar se a incidência será de luz natural ou artificial. Neste caso, a orientação profissional é ainda mais recomendada. A iluminação pode alterar o efeito da cor. Mas quem pretende renovar o ambiente da casa, vale a pena consultar sites de fabricantes de tintas que informam sobre quais os efeitos possíveis ao estado de espírito adquiridos pelas cores.

ir para o site www.arquitetoaquiles.com.br